Uma vez me
apaixonei e senti uma inquietude no peito, um formigamento no corpo todo,
borboletas no estômago.
Uma vez senti
amor, um amor lindo, maior que tudo, maior que eu, me senti sem ar, descobri
profundezas da minha alma que eu nem imaginava que existia, mas isso era muito
pra mim, eu não era capaz de tal responsabilidade, eu era, e sempre vou ser, pequena
demais.
Uma vez senti
um incômodo que não tinha nome, uma irritação que se misturava com tesão, uma
coisa louca que nem meu bom senso conseguia evitar, era um desejo desembestado
que eu não conseguia controlar.
Mas agora...
Agora, confesso, estou sem saber, não sei o nome disso e talvez nem queira
saber, não sei o que sinto, nem o que estou fazendo. Se apareces fico feliz,
claro, mas não me arrepio, nem sinto meu coração acelerar, nem saio gritando
pela casa. E se não apareces não fico triste, nem tenho vontade de chorar, nem
de te matar. Se vou te ver não fico parecendo uma criança prestes a abrir os
presentes de natal, não fico eufórica, nem ansiosa. Não sinto saudades que doem
no peito, mas sinto tua falta de vez em quando.
Não dá pra
chamar de nada que eu conheço.
Estou
tranquila, serena, leve.
Às vezes me
pego pensando em ti mais do que eu gostaria, mas esses sintomas ainda são
poucos para me diagnosticar.
Sinceramente,
não espero que seja amor. E nem nada parecido ou do gênero.