sábado, 13 de agosto de 2011

Alma

É nos bares, boates, pubs e afins que a alma se deixa levar. Despe-se por inteiro. O clima é propício, a luz é baixa, no ar o cheiro é de perfume amadeirado misturado com tabaco, a música alta faz arrepiar todinha a alma safada.

Seu jogar de cabelos é sensual. Seu morder de lábios é sensual. O movimento dos cílios é sensual. Sua dança é quase um Strip-tease.

A alma é abusada, a noite é dela, só dela e mais ninguém. Ela conquista cada canudinho do bar, os seguranças, os convidados, as portas. Tudo é dela. No canto, bem discreto, há um placar: Minha alma versus o resto do mundo inteiro. Advinha quem tem mais pontos...

Não sente fome, não sente frio, só sente sede, uma sede do tamanho do mundo. Quer beber os teus pensamentos mais íntimos, os teus medos, os amores que não deram certo, as cóleras, as cólicas, as feridas abertas, tudo que for teu ela quer provar. É melhor se cuidar.

A alma é quase uma hipnose, quase uma miragem. Faz pensar que o que caminha em tua direção é um puma preto. Não é, é ela. Faz imaginar uma música baixinha tocando com uma voz muito doce. Não é, é ela. Faz de conta que sabe fazer efeitos especiais. Não sabe, são os defeitos especiais dela.

Se abre a boca só fala palavras pervertidas: delícia, champanha, aberto, fechado, amasso, perigo, frescor...

O nome dessa tão incrível alma? Maria, Joana ou Tibúrcia talvez. Não sei, ela não se apega a detalhes pequenos.

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