O amor, na minha vida, funcionou como um vírus. A primeira vez que me
picou, não teve jeito. Infectou meu corpo todo, se alojou por todos os meus
órgãos, fez um estrago em mim. Fiquei doente, tive todos os sintomas: cólera,
febre, aperto no peito, aceleração dos batimentos cardíacos. Tudo que eu tinha
direito. Gostei tanto de ficar de cama que recusei todos os antibióticos.
Deixei o vírus do amor lá, tomando conta de mim.
Depois de alguns anos, não sei se meu corpo se curou ou se o amor não
viu mais graça em mim, só sei que acabou. Não lembro o dia que ele foi embora,
mas quando me dei conta não havia mais nenhum vestígio em mim.
Passei um tempo sem adoecer de novo. Até que veio o outono, a estação
das doenças. E ele veio de novo, querendo me infectar. Conscientemente não fiz
nada, mas meu sistema imunológico sim. Minhas células o reconheceram e trataram
de liquidá-lo na hora. Pisotearam, atacaram e bombardearam. Game over pro amor.
Aqui nesse corpo ele não se aloja mais.
Eu tinha até desistido, quando li algo sobre vírus mutantes. É quando
um vírus normal, assim como o amor, se modifica para infectar um mesmo corpo
duas vezes. E, sinceramente, to esperando ansiosa para conhecer um vírus
mutante do amor. Só assim pra ele me deixar de cama de novo.
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